A Vida Dá Voltas
A vida é mesmo esquisita. Cheia de voltas. Um dia fui ao aniversário da Alice — não lembro bem se ela fazia 2 ou 3 anos. Lembro que o pai dela, Felipe, me recebeu com aquele jeitão doce de sempre. Gente boa de verdade. Fora do palco, quase manso; no palco, é outra história. Entre amigos, é o “Panque” — nunca entendi exatamente por quê.
Do Casulo à Universidade
Esses dias, ao passar pelo seu perfil, encontrei de novo a @mariposa.alice. Agora, maior de idade, universitária. O tempo passou, né?
Lembro de uns vídeos malucos que ela fez com o pai anos atrás. Já dava pra ver que aquela lagarta inquieta ia virar mariposa. E virou. Se transformou. Ganhou asas. Tornou-se cantora e compositora. Uma artista de verdade — bem diferente daquela criança que conheci há 15 ou 16 anos.
Letras que Doem Bonito
As músicas da Alice são feitas de melancolia. Poesia rasgada. Dá pra sentir a influência das bandas “panques” do pai e várias outras, mas tem algo só dela: um lirismo cru, quase doído.
Em “Eu Lírico”, por exemplo, ela entrega uma das passagens mais bonitas e melancólicas que já ouvi:
E à noite ela dança nua
Sem te avisar ela dança na rua
Não pra mim, mas pra lua
Sem te avisar, ela some na rua
Só pra te lembrar de que ela não é sua.
Misticismo, Fé e Guitarras Etéreas
Em “Eu Não Sou Ateu”, ela passeia entre a Umbanda (ou seria Quimbanda?), o Catolicismo, a espiritualidade e um toque de feitiçaria. A guitarra parece pairar no ar, como se fosse parte de uma missa alternativa. É poesia, é oração. É uma confissão.
Shoegaze e Gal Costa?
“Cadela” traz de novo a melancolia que parece ser sua marca. Arranjos que lembram algo do shoegaze — ou será só impressão minha? Tem um quê de Gal Costa nos primeiros discos. Não sei. Talvez eu esteja viajando. Ou talvez ela seja mesmo isso tudo e mais um pouco.
Viagem Espiritual
“Espiritualmente Eclética” virou a favorita aqui em casa. Voz afinada, violão dedilhado, atmosfera de meditação. Não sei quem toca com ela. Talvez toque tudo sozinha. Talvez tenha a mágica do @felipesad nas guitarras. Quando a música parece terminar, ela volta. A voz dela, de novo. Linda. De novo.
Recomendo com o Coração
Se puder, ouça também “Romance, Teatro”, “Sequência Fibonacci” e a linda “[Mel]Ancolia”, que me leva numa jornada íntima de autoconhecimento. Cada faixa é um mergulho.
Pai Punk, Filha Poeta
É curioso como a influência do pai está lá, mas em outra frequência. Felipe é punk, raivoso, crítico. Alice é introspectiva, mágica, espiritual. Um contraponto bonito. Um equilíbrio estranho. E poético.
Mariposa, Voa!
Alice, tua música é um pulmão de paz no meio desse caos que é o mundo. Tua voz me lembra os anos 70, de paz e amor — mas com os pés firmes no agora.
E como diz teu pai:
“Voa!”
E orgulha-se da mulher que você está se tornando.
Linda, livre, feita de poesia.
Curitiba, mais uma vez, mostrando que é solo fértil de artistas que nos enchem de orgulho.