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89FM A Rádio Rock: Como essa rádio moldou minha vida no rock desde os anos 80

89FM A Rádio Rock

89FM A Rádio Rock: A rádio que modificou meus ouvidos

Se você viveu os anos 80, 90 ou 2000 ouvindo rock em São Paulo, sabe que a 89FM A Rádio Rock não era só uma estação — era praticamente uma entidade espiritual. Eu sei disso porque vivi cada fase dela. Desde a estreia em 1985, a 89FM foi minha trilha sonora, meu norte e muitas vezes, minha salvação emocional. Esse é o meu relato, de um cara que viveu o rock intensamente por quatro décadas.

🎙️ Como conheci a 89FM: o início de tudo

Sou de Curitiba, hoje tenho 55 anos, mas ao longo da minha vida, o meu primeiro contato com rock, pelas ondas do rádio foi com a 89FM – A Rádio Rock, mas antes da inauguração, eu já ouvia a Pool FM. Isso foi em 1984, logo que me mudei para a paulicéia desvairada. Tinha 14 ou 15 anos. E desde a inauguração, minha vida foi trilhada pela 89FM. Acompanhava a rádio no meu 3 em 1, no meu walkman. No ônibus, no trabalho, indo namorar. E uma das coisas que eu mais gostava de fazer, era sentar na escadaria da TV Gazeta, no fim da tarde, de preferência em dias de chuva e ficar ouvindo a rádio, enquanto acompanhava o caos da Avenida Paulista. Por vezes fui até a Praça Oswaldo Cruz e tentava criar coragem para subir na rádio e conhecer de perto tudo. Mas a minha timidez nunca deixou.

📻 Os programas da 89 que moldaram minha juventude

Os anos foram passando e fui acompanhando os programas. Quem não lembra do Live Concert? Ou do Arquivo do Rock, com as pedradas mais clássicas do rock. Tinha um programa que era apresentado pelo Zé Luis e o Everson, mas não me lembro o nome do programa. Só me lembro que a intro do programa era a faixa “Where’s The Walrus”, do Alan Parsons Project, que só descobri porque mandei uma carta perguntando que som era aquele que pirava a minha cabeça. E a minha carta foi lida no ar! O Zé tocou a música e gravei numa fitinha K7 que se perdeu nas mudanças da vida! Logo tratei de ir na Hi-Fi e comprei o vinil que guardo até hoje! Lembro também de uma promoção maluca que os ouvintes tinham que escrever uma carta para rádio contando uma história fictícia e tinha que terminar com “89”. E, se não, me engando, ganhou uma garota que contou uma história totalmente absurda e desconexa e ela vai parar em algum lugar, uma loja ou algo assim e pergunta: “Oi! Tem tê nove?!”

Na época, a briga era entre a 89FM e FM97, de Santo André, de onde saiu o Ciro Bottini! Um pouco mais pra frente nasceu a Brasil 2000 FM. Mas a 89FM era a minha rádio, a ponto de dormir ouvindo a rádio. Lembro que colei o dial do meu walkman com um durex, para não ter erro de sair da rádio.  Ficava aguardando, os domingos à noite, o Comando Metal, sob o comando do Walcyr Chalas. Foi a primeira vez que ouvi Metallica. Como era bom! Também ouvia muito o “A Vez do Brasil”, onde conheci as melhores bandas da época: Paralamas, Legião, Inocentes, Ira e por aí vai! Acho que o melhor programa era mesmo o “Live Concert”, onde aprendi a apreciar o famoso “quem sabe, faz ao vivo”.

A 89FM – A Rádio Rock me ensinou a gostar cada vez mais de rock. Aprendi a escutar todas as vertentes, não importa quais eram. Lembro até uma vez quando o Dream Theater lançou uma faixa, a “Another Day“, que o Zé lindamente falava que se a gente quisesse pedir a música, era para ligar e falar “Toca aquela que tem o Kenny G. do rock”. A partir daí comecei a pender pro progressivo e depois para o metal progressivo.

Fui em muito show promovido pela 89FM: David Bowie, Jethro Tull, e os da Terra Brasillis, Legião, Ira, etc. Muita coisa rolou nesse tempo todo. Nos anos 90, comecei a gostar do grunge e corria que nem louco atrás de CD’s do Pearl Jam, Nirvana, Soundgarden e as outras figurinhas carimbadas. 

⚡ Quando a 89 deixou de ser rock (e o impacto disso)

E então, em 1995, precisei voltar para Curitiba e a única rádio que tinha um pezinho na 89FM, mas era muito alternativa, era a finada Estação Primeira, que agora também está voltando no formato da nova era da rádio.

A internet dava seus primeiros passos e então consegui a achar a 89 Web Radio, onde eu conseguia ouvir, muito dificilmente. Foi ali que conheci os Sobrinhos do Athayde, o “Na Pressão” e outros programas. E então a rádio mudou sua programação, estilo, locutores e virou a pop. Aí perdi as esperanças, mas sempre tentando achar algo que pudesse ser no mínimo compatível. Aqui em Curitiba, nasceram rádios como a Alternativa FM, 91 Rock e 96 Rock, que aliás fiz um site para eles na época, que ficou pouco tempo no ar. A 96 Rock tinha uma proposta muito parecida com a 89FM e, se não me engando, tinha alguma comunicação com entre elas, no sentido de parceria. Mas não sei se era isso mesmo.

O tempo passou e fui entrando no mundo do MP3, Winamp, etc., e perdi o contato com o rádio em geral! Surgiu o Youtube, o Spotify e fui me distanciando. Depois de um tempo, surgiu a Mundo Livre FM, aqui em Curitiba, com uma proposta muito parecida, mas com um público mais adulto, com grandes clássicos e muita novidade e então voltei a ficar com o ouvido coladinho no dial.

Mas e a 89FM? Cadê!? Onde foi parar!? Eu ia para a internet e ainda com aquela coisa da 89FM em parceria com a Nestlé, tocando muito eletrônico e nadinha de rock! E aí a UOL veio com aquela ideia de patrocinar tudo, na tentativa de manter a rádio viva! Então eu continuava nas fm’s daqui de Curitiba.

🎧 O retorno da Rádio Rock e a emoção de reconectar

Foi quando, em 2012, ou 2013, passeando por aí na internet, descobri que a 89FM tinha voltado pro ar na mesma proposta dos anos 80 e 90. Foi uma delícia saber que dava para ouvir pela internet, mas mesmo assim, ainda era muito difícil, pois não podia ouvir no trabalho e a internet em casa era muito capenga. Foi aí que conheci a Luka, Tatola e o PH. Que maravilha! A 89FM – A Rádio Rock estava de volta e vindo de voadora na porta, mostrando para todo mundo que ela tinha voltado para ficar.

Cheguei a comprar o livro do Ricardo Alexandre e comecei a tomar gosto por escrever sobre música e criei o meu blog, o Discoteca Básica! Cheguei até a escrever na intranet de uma das empresas que trabalhei aqui em Curitiba, sobre rock, faixas, lançamentos, shows, novidades, as bandas daqui de Curitiba. Gravei todos os programas do Ricardo Alexandre sobre a volta da 89FM. Foi muito bom ouvir todas as histórias da rádio e principalmente dos bastidores, que é um tema que me interessa muito.

🤘 A 89FM é mais do que uma rádio. É memória, resistência e amor

E então, um certo dia, há umas 3 semanas atrás, levando meu filho, que é autista, para passear, outro fanzão de rock, vi um anúncio num telão no meio da rua. Não acreditei! Não era possível! Eu gritava no carro! Chorava e meu filho não entendia nada e então expliquei toda a história para ele e como a 89FM – A Rádio Rock, mudou completamente a minha vida e meu gosto musical. Rapidamente tratei de procurar a rádio no rock e ela tava lá, brilhando, tocando tudo o que eu sempre ouvi e mais as novidades. O Vitor Salmazo, que foi locutor da Mundo Livre FM, estava fazendo a locução na 89FM daqui, rapidamente me identifiquei e gravei a sintonia na rádio rock no número 1, das rádios gravadas no equipamento do carro.

Escrevo esse post não só como homenagem, mas como forma de registrar o quanto essa rádio moldou gerações. A 89FM me deu referências musicais, linguagem, atitude e coragem. E se você também sente que cresceu ouvindo uma trilha sonora com distorção e alma, sabe do que eu tô falando.

A briga aqui é de cachorro grande: 89FM – A Rádio Rock, Mundo Livre FM e Nova Estação! Grandes rádios, mas a do meu coração é e sempre será 89FM – A Rádio Rock de Curitiba. “E VIVA O ROCK!” Viva!! Viva!!! Viinha da silva!

Viva o rock. Viva a 89. E viva todos nós que seguimos firmes, com o coração pulsando no ritmo da guitarra.

Um grande abraço! Obrigado por mudarem a minha vida e muito obrigado por 40 anos de rock!


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